segunda-feira, 20 de junho de 2011

Marcelinho da Lua - Tranquilo






Marcelinho da Lua raramente  está de mãos e ombros vazios. O cara
está sempre carregando alguma coisa - uma ou até duas cases cheia
de discos,  um mixer, uma  caixa onde  leva  os fones de ouvidos ("É
pra não  quebrar",  diz),  uma  MPC  (espécie  de  estúdio  portátil da
Akai),  teclado,  telefone celular e, se vacilar, uma dúzia de incensos.
da Lua  faz  frete  para si mesmo e carrega um bocado de idéias - de
batidas,  melodias,  harmonias,  samplers  e  linhas  de baixo. Idéias
legais,  idéias malucas,  idéias  engraçadas e idéias impossíveis, que,
aliás, são  sempre as  melhores.  Convidado  por  Rafael  Ramos, ele
entrou no estúdio  da  Deckdisc  e  tirou  tudo  das  mãos,  ombros e
cabeça.  Só  pra ver no que dava. Deu em "Tranqüilo!", seu primeiro
álbum solo. Um disco de DJ, que é bom para ouvir em casa também.
 Um disco de produtor, que faz  bonito  nas pistas de dança também.
 Decifre Da Lua e/ou seja atraído por ele.

 "Tranqüilo!", um  disco  sem muito bla bla blá, como
diz o título da música que abre os trabalhos, tirado  de  um  sampler
de  (empostar  a  voz,  por  favor)  Alberto  Roberto,  o  inesquecível
personagem criado  por Chico Anysio. A  guitarra é cortesia de Pedro
Sá. Outros personagens reais também  bateram ponto no estúdio da
Deckdisc.  Seu   Jorge   botou   a   voz   na  versão  drum  and  bass
de "Cotidiano",  de Chico Buarque, que teve também participação do
maestro Luiz Cláudio Ramos  no  violão. Bi Ribeiro  (ele  mesmo,  do
Paralamas) e  Gustavo Black Alien (ex-Planet Hemp) fizeram a  festa
em "Tranqüilo", um cruzamento natural entre reggae  e jungle/drum
and  bass.   Mart’nália   tocou   pandeiro    e   cantou    "Refazenda",
de Gilberto Gil. Roberto  Menescal  escreveu,  arranjou  e  deu  cores
especiais   a   "Pro  Marcelinho  tocar".  Lembranças   da   viagem   à
Dinamarca geraram a música "Cristiania`71",  com a  voz  de  Helen
Calaça. A rappeira cubana Telmary Diaz,  em  turnê  pelo  Brasil com
o grupo Rapeiros de Cuba, foi capturada  e levada ao  estúdio,  onde
gravou  "Que  cosa  fuera",  com  arquitetura  musical  assinada  por
Mauro  Berman  (ex-baixista  do  grupo Coma  e  atual  Marcelo  D2)
Gabriel Muzak emprestou a voz para a boemia reggae  de  "Jornada"
(cuja letra faz  uma  sutil  referência  à  trajetória dos integrantes do
Dubom). João Donato deu o toque, e que toque, de latinidade  a  "Lá
fora".  Já o  toque  ecológico  ficou  por  conta  de  letra  de  da  Lua.
Repare só.  "Palafita sunrise" virou uma espécie de  samba dub, com
metais  sampleados  e  a  lembrança  do  seminal  grupo  inglês  The
Specials surgindo  no meio  da  fumaça.  "Saudade"  teve  vocais  de
Gabriela  Geluda e tablas do  percussionista  Siri.  E,  por  fim,  há  o
doce   no  final  do  arco  íris:  o  balanço  suave  de "Não pode fazer
barulho", com discurso em favor  do  silêncio, em  francês, feito pela
musa de longa data, Nina Schipper. Aos  poucos,  o pitch  vai  sendo
desacelerado  e,  num  simbólico  apagar  das  luzes,  após tirar suas
idéias legais, malucas, engraçadas e impossíveis  das mãos,  ombros
e cabeça, da Lua simplesmente sussurra: "Valeu, brou, té mais".  Tá
gravado o recado. *Depois do lançamento do álbum,  Marcelinho  da
Lua sagrou-se bicampeão no Video Music Brasil, premiação da   MTV,
na  categoria  “Melhor  Clipe  de  Música  Eletrônica”,  com  os  clipes
de “Cotidiano” (2004) e  “Refazenda” (2005).  Em  2005,  Marcelinho
continuou desenvolvendo parcerias com músicos dos  mais  variados
estilos. Para os Paralamas  do  Sucesso,  criou  uma  versão  dub  da
faixa “Ao Acaso”, incluída no álbum “Hoje”. Já o clássico “Vô Batê Pá
Tu”, de Orlandivo,  ganhou  uma  versão  eletrônica  no novo  CD do
cantor carioca, “Sambaflex”. Marcelinho  Da  Lua  ainda  destilou sua
criatividade  remixando  as  faixas  “Na rua,  na  chuva,  na  fazenda
(Casinha de Sapê)”  e  “As  dores  do  mundo”  no  relançamento  do
clássico álbum de Hyldon, “Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda”, 30 anos
depois.

Trecho de de Release do Álbum feito
Por Carlos Albuquerque
Agosto / 2003
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